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Textos Carismáticos da Autobiografia

Santo Antônio Maria Claret

Aut 489:

      “Falei com alguns sacerdotes, a quem Deus havia dado o mesmo espírito com o qual eu já me sentia animado. Estes eram: Estêvão Sala, José Xifré, Domingos Fábregas, Manuel Vilaró, Jaime Clotet, Antônio Claret, eu, o menor de todos; e, na verdade, todos são mais instruídos e virtuosos que eu e me tinha por muito feliz e ditoso ao considerar-me criado de todos eles”.

 Aut 490:

      “No dia 16 de julho de 1849, reunidos no seminário, com a aprovação do bispo e do reitor, iniciamos, nós sozinhos, o retiro espiritual, com todo rigor e fervor. Como justamente nesse dia se comemora a festa da Santa Cruz e de Nossa Senhora do Carmo, tomei como tema da primeira prática as palavras do Salmo 22,4: Virga tua et baculus tuus ipsa me consolata sunt:Tua vara e teu cajado me consolarão,frisando a devoção e a confiança que devemos ter na Santa Cruz e em Maria Santíssima, além de aplicar o salmo a nosso objetivo. Saímos desse retiro muito fervorosos, resolvidos e determinados a perseverar. Graças a Deus e a Maria santíssima todos perseveraram muito bem. Dois morreram e se acham neste momento gozando na glória celeste e do prêmio de seus trabalhos apostólicos e intercedendo por seus irmãos”.

Aut. 491:

      “Assim iniciamos e assim continuamos vivendo uma vida perfeitamente comum, todos entregues aos trabalhos do sagrado ministério”.

Aut 494:

      “Digo a mim mesmo: Um filho do Imaculado Coração de Maria é um homem que arde em caridade e abrasa por onde passa; que deseja eficazmente e procura por todos os meios inflamar o mundo no fogo do divino amor. Nada o detém. Alegra-se nas privações. Enfrenta os trabalhos. Abraça os sacrifícios. Compraz-se nas calúnias e se alegra nos tormentos. Seu único pensamento é seguir e imitar a Jesus Cristo, no trabalho, no sofrimento, procurando sempre e unicamente a maior glória de Deus e a salvação das almas”.

Aut 609:

      “Às vezes eu ficava imaginando como era possível que reinasse tanta paz, tanta alegria, tão bela harmonia entre tantas pessoas e por tanto tempo. Eu não podia dar outra explicação senão dizer: Digitus Dei est hic: o dedo de Deus está aqui. Esta é uma graça singular que Deus nos dispensa por sua infinita bondade e misericórdia. Reconhecia que o Senhor abençoava os meios que de nossa parte colocávamos para obter esta graça especialíssima”.

Aut 686:

      “No dia 24 de setembro, dia de nossa Senhora das Mercês, às onze e meia da manhã, o Senhor fez com que eu entendesse o texto do Apocalipse:Vi também outro anjo forte descer do céu, revestido de uma nuvem e sobre sua cabeça o arco-íris; seu rosto brilhava como o sol, seus pés eram como colunas de fogo. Ele trazia em sua mão um livro aberto, e pôs seu pé direito sobre o mar e o esquerdo sobre a terra (primeiro em sua diocese de Cuba e depois nas demais dioceses). Soltou um grande grito como o leão quando ruge. E, depois de gritar, sete trovões articularam suas vozes. Aqui vêm os filhos da Congregação do Imaculado Coração de Maria. Diz sete, mas o número é indefinido, quer dizer todos. Chama-os trovões porque, como trovões, gritarão e farão ouvir suas vozes; também por seu amor e zelo, como São Tiago e São João, que foram chamados filhos do trovão. E o Senhor quer que eu e meus companheiros imitemos os apóstolos Tiago e João no zelo, na castidade e no amor a Jesus e a Maria”.

Aut 687:

      “O Senhor disse a mim e a todos esses missionários, meus companheiros: Non vos estis qui loquimini, sed Spiritus Patris vestri, et Matris vestrae qui loquitur in vobis: Não sois vós quem falareis, mas o Espírito de vosso Pai (e de vossa Mãe), que fala por vós. De tal modo que cada um de nós poderá dizer: Spiritus Domini super me, propter quod unxit me, evangelizare pauperibus misit me, sanare contritos corde: O Espírito do Senhor repousa sobre mim, pois me consagrou com sua unção divina e me enviou a evangelizar ou proclamar a boa nova aos pobres, a curar os que têm coração contrito”.

Carta do Padre Fundador ao Núncio Apostólico (Vic, 12 de agosto de 1849)

       “Vendo a grande falta que há de pregadores evangélicos e apostólicos em nosso território espanhol, o grande desejo que o povo tem de ouvir a divina palavra e as muitas insistências que de todas as partes da Espanha fazem para que eu vá às suas cidades e povoados a pregar o Evangelho, determinei reunir e preparar uns quantos companheiros zelosos e assim poder fazer com outros o que sozinho não posso”.

Carta do Padre Fundador a D. José Caixal

      “Os Missionários continuam muito bem e não se pode caminhar mais depressa: estamos ocupadíssimos das quatro da manhã às dez da noite, estamos de tal maneira ocupados que, como numa corrente, uma ocupação está encadeada a outra. Nossas ocupações são oração mental, vocal, ofício divino, conferências, catecismo, pregação, confissões, palestras de moral, mística e ascética. Há conferências internas e externas: nas internas, somos os privilegiados, somos sete, e nos exercitamos em todas as virtudes, especialmente na humildade e na caridade, e vivemos em comunidade neste colégio, vida verdadeiramente pobre e apostólica. Nas conferências externas assistem 56 clérigos e alguns deles sairão muito bons pregadores. Alguns pediram viver conosco, mas nós vamos com muito tino e vamos examinando suas condições físicas e morais, pois nestas matérias é preciso ir com muito cuidado, porque uma ovelha com sarna pode infectar as demais”.

Carta do Padre Fundador ao Pe. José Xifré (Madri, 7 de maio de 1858)

       “É verdade que nossa Congregação é pequenina; mas não importa. É melhor sermos poucos, bem unidos e fervorosos, que muitos e divididos. Com o tempo crescerá”.

Carta do Padre Fundador ao Pe. José Xifré (Madri, 30 de novembro de 1858)

      “Roguemos ao Pai celeste a fim de que envie operários, porque, na verdade, os operários são poucos e a messe é muito grande na Espanha e fora dela (...) Bem se recordará o que diz o nosso Divino Mestre aos apóstolos e a nós (...) procuremos primeiramente o Reino de Deus e sua justiça e o resto nos virá por acréscimo (...) Não repare em admitir pessoas que considere idôneas por seu saber e virtude e dêem esperança de utilidade, embora sejam jovens e não tenham ainda recebido todas as ordens. Além disso, gostaria que em nenhuma casa o número de membros não passasse de doze sacerdotes, entre jovens e velhos, em homenagem aos apóstolos. Deve fazer como o apicultor: formar novas colméias, até que haja uma em cada diocese e haja pessoas até para enviar ao estrangeiro.

Carta do Padre Fundador ao Pe. José Xifré (Real Sítio de Santo Ildefonso, 13 de julho de 1859)

       “Muito o inimigo teme estas santas constituições e por isso as perseguiu tanto. Sejamos fiéis em guardá-las e Deus nos tirará sempre das dificuldades para o bem do todo”

Carta do Padre Fundador ao Pe. Jaime Clotet (Madri, 1º de julho de 1861)

       “Diga-lhes (aos missionários) que leiam com freqüência as Regras ou Constituições da Congregação e que as observem com fidelidade. Vejo na história que todas as religiões (instituições) logo se estendiam não só pelo reino em que eram fundadas, mas também por diferentes partes do mundo; por que os nossos não se estenderão, pelo menos, por este reino?”.

Carta do Padre Fundador ao Pe. José Xifré (Roma, 20 de agosto de 1861)

      “Vejo o que me diz sobre o modo de expandir nossa Congregação, e me parece que está bem e quanto mais para o interior da Espanha, melhor, por ser maior a necessidade (...). No entanto, diga aos meus queridíssimos irmãos, os Missionários, que se animem e que trabalhem quanto puderem, Deus e a Santíssima Virgem Maria lhes pagarão. Eu tenho tanto carinho para com os Sacerdotes que se dedicam às Missões que lhes daria meu sangue e minha vida, eu lhes lavaria e beijaria mil vezes os pés, eu lhes arrumaria a cama, lhes prepararia a comida e ficaria sem comer, para que eles comessem, quero tanto bem a eles quando penso que eles trabalham para que Deus seja mais conhecido e amado; e para que as almas se salvem e não se condenem, eu não sei o que sinto (...) agora mesmo que estou escrevendo tive que deixar a pena para acudir meus olhos (...) Ó Filhos do Imaculado Coração da minha queridíssima Mãe! (...) quero escrever-vos e não posso por ter os olhos rasos de lágrimas. Pregai e rogai por mim.

Adeus, querido irmão, aqui vai este papelzinho que gostaria que cada um dos Missionários copiasse e levasse consigo”.

Carta do Padre Fundador ao Pe. José Xifré (Roma, 16 de julho de 1869)

      “Hoje faz vinte anos que Jesus e Maria deram início à Congregação e continua até aqui, não obstante esta perseguição que estamos sofrendo, que o Senhor permitiu, não para extingui-la, mas para aumentá-la e expandi-la. Como lhe dizia no ano passado, no princípio da revolução, esta seria para a Congregação como a neve que cai sobre um campo semeado: que não mata o trigo, mas o obriga a refazer-se. Assim será também a revolução: não matará a Congregação, mas lhe dará nova vida e lançará profundas raízes. Os seus membros serão mais perfeitos e darão mais fruto. Como? Vejamos (...) todos observarão as Regras e Constituições do modo mais perfeito possível. Haec est voluntas Dei, sanctificatio vestra. Terão sempre à vista o número 63 (c. 16) das mesmas e se refletirá sobre as palavras: Catechizare parvulos, pauperes et ignaros (...).

      Como Superior Geral, quando as circunstâncias o permitirem, e considerar oportuno, poderá nomear um ou dois que tenham boa letra, etc., para levar escolas para crianças, para fazer o que fazem os Irmãos das Escolas Cristãs, que são tantos na França, na Itália, etc., e que tanto bem fazem. Eu creio que atualmente são os que fazem mais bem para a Igreja e de quem mais se deve esperar. Esta missão especial Deus e a Virgem Santíssima têm reservado à Congregação na Espanha (...). Não quero dizer com isto que todos devem ocupar-se com estas escolas. Somente quero dizer que comecem uns poucos e muito poucos, que o senhor terá cuidado de nomear, segundo seu zelo, ou que o pedirem. Estas escolas irão crescendo segundo a fidelidade com que correspondam às graças. Deus e a Santíssima Virgem Maria trarão pessoas idôneas, de maneira que, sem perder de vista seu objetivo primário, se dediquem a este outro ramo: Haec oportet facere, et illa non ommittere”.

Carta do Padre Fundador ao Pe. José Xifré (Roma, 16 de novembro de 1869)

      “O que sim lhe digo é que na América há um campo muito grande e muito fecundo e que com o tempo sairão mais almas para o céu da América que da Europa. Esta parte do mundo é como uma vinha velha, que não dá muito fruto e a América é vinha jovem”.

Relato do Pe. Jaime Clotet

      “Seis bons sacerdotes, no pequeno quarto de um seminarista, sem outros móveis que uma pobre mesa, uma imagem e dois bancos de madeira, em lugar cedido, como os demais recursos com que contam, estão seriamente conferenciando sobre o modo de levar a efeito um dos maiores empreendimentos que podem ser concebidos para a glória de Deus e salvação das almas. Para os prudentes do mundo, isto não podia significar outra coisa senão a manifestação de alguns bons desejos. Na verdade, aqueles princípios eram tão humildes que nem todos os que estavam presentes compreenderam os prodigiosos resultados que aquela reunião haveria de dar.

      (...) Às três da tarde nos encontrávamos reunidos em dito local do seminário. Antes de começar os exercícios espirituais de abertura, disse o então Padre Antônio Claret: “Hoje se começa uma grande obra”. Respondeu o Pe. Manuel Vilaró, com ar festivo e sorrindo: “Que podemos fazer, sendo nós tão jovens e tão poucos?” “Verão os senhores, -respondeu o Servo de Deus- se somos jovens e poucos resplandecerá mais o poder e a misericórdia de Deus”.

      Verdadeiramente, aqueles inícios eram tão humildes, que nem todos os que estavam presentes compreenderam os prodigiosos resultados que aquela reunião haveria de dar, pois como disse o Fundador: “Hoje se começa uma grande obra” um deles sorriu, expressando assim o temor que lhe inspirava a consideração das difíceis circunstâncias em que se encontrava. Tendo percebido o Padre, voltando-se a ele, lhe disse com espírito de profecia: “Você não acredita, mas você verá”. E efetivamente o viu.

      A Congregação começou a funcionar invocando todos com fervor o Espírito Santo e colocando-se sob a proteção de Jesus e de Maria. Esta idéia feliz lhes foi sugerida pelo Fundador, ao usar como texto da bela prática, que começou a dirigir-lhes, as históricas palavras: “Virga tua et baculus tuus ipsa me consolata sunt, que acomodou às festividades de Nossa Senhora do Carmo e do triunfo da Santa Cruz, solenizadas naquele dia e aplicou à Congregação nascente, cujo espírito e orientações ele começou a esboçar naquela tarde.

Relato do Pe. José Xifré

      “Os fundadores começaram com uns formais exercícios espirituais de dez dias, em absoluto silêncio, fervor e recolhimento. Durante estes dias todos os atos foram dirigidos pelo mesmo Fundador, pregando duas vezes por dia e fazendo todos os atos de humildade e mortificação muito edificantes. Nestes dias se falou e se propôs sobre a conduta de vida apostólica, que privada e publicamente deviam ter os Missionários. Nos mesmos exercícios propôs os meios práticos de vida espiritual e científica que no futuro deveriam empregar os Missionários, em casa, ou fora de casa, por causa das pregações”.

Relato do Pe. Jaime Clotet

      “Todos apareciam pobres, desprendidos do mundo, simples e obedientes; e nas três conferências que se faziam durante o tempo que estavam em casa, escutavam as instruções que lhes eram administradas com a docilidade de uns verdadeiros meninos, pendentes dos lábios do professor. Suas delícias eram servir-se uns aos outros na mesa e ainda nos serviços humildes de casa. Não tinham empregados, nem Irmãos coadjutores, suprindo esta falta eles mesmos com santa dedicação, sobretudo na enfermidade que sobreveio a um deles, pouco tempo depois (...) Eram visíveis e admiráveis os efeitos do amor que lhes tinha Jesus e a proteção que lhes dispensava a Santíssima Mãe”.

      Algum tempo depois, preparados com a prática do ministério e exercitados convenientemente na virtude saíam nossos Padres a pregar missões e exercícios espirituais, tão abrasados em zelo, que era indizível o fruto que seus trabalhos por todas as partes produziam. Falando disto, alguns anos depois, o Revmo. Padre Domingos Costa, da Ordem dos Pregadores e missionário na Califórnia, disse a quem lhes escreve: “Parecia que aqueles Padres saíam do Cenáculo; eu o vi: era uma imagem de Pentecostes”.

Relato do Pe. Jaime Clotet

      “A imitação do nosso amado Padre Fundador, íamos para as missões a pé, embora os povoados para onde nos enviavam estivessem a longas horas de distância. Não recebíamos dinheiro, nem coisa equivalente, por nossos trabalhos apostólicos; em alguns povoados, não estando hospedados na casa do Pároco, mas em outra casa que ele nos indicava, para que estivéssemos mais livres e pudéssemos seguir nosso regulamento, como em casa, vivíamos de esmola, isto é, dos alimentos frugais que, em espécie, o povo espontaneamente nos trazia. Concluída a missão, se distribuía o que sobrava para os pobres”.

Carta do Padre José Xifré ao Padre Pablo Vallier (5 de outubro de 1870)

      “Neste Continente, (América) a necessidade é extrema.

      Não pensem os senhores que deverão fazer tudo, nem que a Congregação tenha que suprir todas as necessidades. É necessário fazer o que boamente for possível e não se preocupem com o resto.

      Aproveito a ocasião para dizer que o desejo de fazer o bem deve ser moderado e nunca se deixem levar por medidas contrárias à caridade bem entendida, que deve começar por si mesmos. Conseqüentemente: não devem e nem podem empreender trabalhos superiores às suas forças, nem trabalhar mais horas das que as próprias forças puderem suportar, sejam quais forem as necessidades. Nunca deixem o ofício divino nem a meditação que está prescrita, seja qual for o costume, a autorização ou a necessidade. Estas duas coisas são o alimento da alma, do que nunca se deve nem se pode prescindir em nossa Congregação.

      Quando o Fundador foi a Canárias e mais tarde a Cuba encontrou tantas e talvez muito mais necessidades espirituais que o senhor aí e, no entanto, nunca deixou as duas referidas coisas. Assim mo disse há poucos dias, encarregando-me de escrever ao senhor. Ele, apesar de tudo, ajeitava suas horas para as necessidades do corpo e da alma e destinava as restantes para os demais. Façam assim os senhores e não outra coisa, por mais que fique gente para confessar; e nem serve como justificativa o argumento sobre a conduta de outros Institutos, visto que o relaxamento monástico é geral nisto, coisa que lamentam o Papa e todas as pessoas piedosas. E, sobretudo, é neste país muito mais perigoso o relaxamento. Portanto, evitemo-lo com muito cuidado, sem esquecer nunca o espírito e as Constituições da Congregação, que devemos observar sempre com fidelidade em todos os lugares e países do mundo. Não se preocupem os senhores por nada nem por ninguém: acudam a Deus, tenham confiança n’Ele e sairão de todos os apuros...”

Carta dos Mártires de Barbastro à Congregação

      “Querida Congregação: antes de ontem, dia 11, morreram com a generosidade com que morrem os mártires, 6 dos nossos irmãos; hoje, dia 13, alcançaram a palma da vitória 20; e amanhã, dia 14, esperamos morrer os 21 restantes. Glória a Deus! Glória a Deus! Quão nobre e heroicamente estão se comportando teus filhos, Congregação querida! Passamos o dia animando-nos para o martírio e rezando por nossos inimigos e pelo querido Instituto. Quando chega o momento de designar as vítimas, há em todos santa serenidade e desejo de ouvir o nome para adiantar e colocar-se nas filas dos escolhidos; esperamos o momento com generosa impaciência, e quando chegou, vimos uns beijarem as cordas com que são atados e outros dirigirem palavras de perdão à turba armada; quando vão no caminhão para o cemitério, os ouvimos gritarem: Viva Cristo Rei! Responde o povo, com raiva: morra! morra!, mas nada os intimida. São teus filhos, Congregação querida, estes que entre pistolas e fuzis se atrevem a gritar serenos quando vão para o cemitério: Viva Cristo Rei! Amanhã iremos nós, os restantes, e já temos os refrões para aclamar, embora soem os disparos, ao Coração de nossa Mãe, a Cristo Rei, à Igreja Católica e a ti, mãe comum de todos nós. Dizem-me os companheiros que eu inicie os Vivas! E que eles responderão. Eu gritarei com toda a força dos meus pulmões e em nossos clamores entusiastas, adivinha, Congregação querida, o amor que temos por ti, pois te levamos em nossas recordações até estas regiões de dor e morte.

      Morremos todos contentes sem que ninguém sinta desmaios nem pesares; morremos todos rogando a Deus que o sangue que cair de nossas feridas não seja sangue de vingança, mas sangue, que entrando vermelho e vivo por tuas veias, estimule teu desenvolvimento e expansão por todo o mundo. Adeus! Querida Congregação! Teus filhos, mártires de Barbastro, te saúdam desde a prisão e te oferecem suas dolorosas angústias em holocausto expiatório por nossas deficiências e em testemunho do nosso amor fiel, generoso e perpétuo. Os mártires de amanhã, dia 14, recordam que morrem em vésperas da Assunção; e que bela recordação! Morremos por levar a batina e morremos precisamente no mesmo dia em que no-la impuseram.

      Os mártires de Barbastro e em nome de todos, o último e mais indigno, Faustino Pérez CMF.

      Viva Cristo Rei! Viva o Coração de Maria! Viva a Congregação! Adeus, querido Instituto. Vamos ao céu rogar por ti. Adeus! Adeus!”