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Acolher o Concílio com profunda e crescente gratidão - Bento XVI

Há gerações que não conheceram o Concílio nem o pós Concílio. E hoje estamos num momento histórico muito diferente daquele do Concílio. Lido e acolhido com uma correta hermenêutica, o Concílio pode ser cada vez mais uma grande força ao serviço da necessária e permanente renovação da Igreja. Os textos apenas refletem de modo imperfeito o espírito do Concílio. Por isso é preciso seguir o espírito além dos textos. O Concílio enfrenta alguns desafios: Definir de modo novo a relação entre ciência e fé; definir de modo novo a relação entre a Igreja e o estado moderno que concedia espaço a cidadãos de outras culturas, ideologias e religiões; definir a relação entre a fé cristã e as religiões e culturas do mundo. O desafio de uma reforma na Igreja e, portanto, na Vida Consagrada. O desafio do liberalismo que influencia também a interpretação da Bíblia e da origem e missão da Igreja. O Concílio pretendeu eliminar contradições internas e contradições supérfluas em vista de uma redescoberta do Evangelho em sua pureza e grandeza originais. Só numa visão de fé se pode descobrir a riqueza oculta que o Concílio, dom do Espírito à Igreja, ainda esconde e que é necessário reconhecer. Portanto, é preciso passar do aparente para o profundo, do visível para o invisível. O Concílio requer um conhecimento mais profundo em que sejam superadas as leituras arbitrárias e parciais. O Concílio reconhece que a Igreja é antes de tudo povo que escuta a Palavra e que a Comunhão é a nossa vocação.

Perfectae Caritatis - os religiosos no Concílio

Desafios sobre o decreto, nem tudo era claro nem concorde. Mas havia uma certeza: é preciso renovar a VC.

Os critérios gerais da renovação: Volta às fontes da vida cristã e aos valores característicos de cada instituto animada por uma autêntica conversão interior. Conveniente adaptação das formas de vida, estruturas e atividades dos vários institutos às exigências dos tempos e culturas, dentro do espírito e finalidade de cada instituto. A participação e co-responsabilidade de todos os membros na renovação.

Era a primeira vez que um concílio ecumênico se ocupava dos religiosos muito mais do que questões práticas, jurídicas ou ascéticas.

O Concílio reconhece que a vida consagrada pertence de modo “indiscutível” à vida e à santidade da Igreja. Isso exigia uma nova teologia que fosse decisiva e ao mesmo tempo aberta para um permanente aprofundamento e uma interminável descoberta de seu sentido.

O Concílio propõe a volta ao essencial. A questão não é adaptação externa somente mas sobretudo renovação interior das pessoas e das instituições. O caminho está na volta à fonte, isto é, à Palavra de Deus. O Decreto Perfectae Caritatis indica três dimensões para a conversão e renovação da vida consagrada: cristológica, eclesiológica e escatológica. E afirma que a vida consagrada é ao mesmo tempo consagração e sinal. A consagração e o sinal se realizam pelo retorno permanente e profundo ao mistério cristológico-trinitário da vida cristã e religiosa; pela vivência e testemunho da comunhão na vida fraterna e pelo testemunho de ser sinal do que pregamos e dizemos como expressão do que cremos e vivemos. Isso requer voltar e permanecer no essencial.

A Vida Consagrada a partir da renovação conciliar

Tentativas e frustrações.

A relação com Deus era um assunto de esfera particular e separada da vida cotidiana.

De uma espiritualidade devocional a uma espiritualidade vivencial.

De uma vida comunitária regulada por elementos institucionais e disciplinares a uma vida mais relacional.

De um apostolado organizado a partir das obras próprias a um compromisso apostólico de mais abertura e acompanhamento do mundo.

O Concílio apresenta uma proposta que deve superar a separação radical entre culto e vida cotidiana, entre Liturgia e existência.

A Espiritualidade da vivência, a centralidade cristológica e a volta às fontes serviram para recuperar a dimensão carismática da vida religiosa.

O que se constata hoje, 40 anos após é que quase todas as comunidades assumiram a renovação em seus aspectos formais e externos, porém nem tanto no seu sentido mais profundo.

A comunidade só pode acompanhar o compromisso pessoal se nos abrirmos uns aos outros com uma confiança e sinceridade além do formal e do habitual.

Uma vida em comum centrada em elementos relacionais é mais rica e mais humanizada, mas é também uma vida com mais conflitos.

O acento atual na dimensão relacional da vida pode fazer que releguemos a um segundo plano o sentido cristão da vida em comum.

Junto às habilidades emocionais, a dimensão religiosa de nossa vida em comum é uma das maiores insuficiências do presente.

Antes a vida religiosa entendia sua missão como a separação de cada comunidade para atender a um determinado setor social católico.

Desafios

Em muitos lugares hoje, não se trata de aprofundar o evangelho, mas de introduzir e iniciar as pessoas ao próprio evangelho que o desconhecem quase que por completo. Isso refletirá no sentido da nossa consagração.

A maioria de nossas iniciativas pastorais estão concebidas para uma sociedade que não existe mais. Isso é um desafio a desenvolver um novo estilo missionário e a revitalizar nossa relação comunitária.

A situação da vida consagrada

Cada dia é mais lógico pensar a vida religiosa como uma unidade, muito além do gênero masculino e feminino.

Frente ao secularismo, o desafio do religioso ser um profissional de Deus.

Frente à sociedade do bem estar e do sistema liberal e do consumismo, o desafio de viver do essencial, de simplicidade, de desmascaramento que ofereça uma contracultura alternativa.

Frente ao individualismo e do egoísmo, o desafio de recuperar a condição de humanos e de irmãos.

Viver a consagração como missão superando a ação apostólica como fim em si mesma.

Viver em função do carisma e não da prioridade institucional. O essencial não é manter obras, estruturas, números mas de revelar o amor de Deus ao mundo presente.

Superar a clericalização da vida religiosa que acontece quando o ministério absorve de tal modo o carisma que fica comprometido e mesmo desfigurado e distorce a razão de ser dos religiosos não sacerdotes.

A não valorização da vida religiosa laical, por vezes consideradas como algo de segunda categoria.

O desafio da inculturação e da interculturalidade que pedem que a Vida Religiosa seja vivida de modo original e único em cada contexto.

O desenvolvimento e o impacto das novas tecnologias que desafiam todos os religiosos.

O feminino como dinamismo.

A solidariedade com os excluídos e insignificantes.

Responder ao desafio do pluralismo cultural e religioso.

O desafio de recuperar o essencial na vida cristã e portanto na vida religiosa: o amor.

Na América Latina o grande desafio é viver a paixão pela vida. Servir à vida.

Concluindo

O Concílio foi decisivo para reavaliar e reanimar da vida consagrada. Favoreceu a superação de uma teologia e de uma eclesiologia desfocada e superada que comprometida a vida e a missão dos religiosos.

Alguns elementos de decisão:

- A evolução doutrinal e a centralidade da vida comunitária;

- A volta ao essencial do carisma e a superação da homogeneização;

- A diversificação e internalicionalização das comunidades;

- A abertura ao mundo real;

- A relação com a Igreja local;

- A superação da autarquia como abertura a outros institutos e a participação do carisma dos leigos;

- A vida em comum e a comunidade de vida marcou a época pós-conciliar.

- O processo da renovação da vida religiosa se define pelo seguimento de Cristo e em ter os sentimentos de Cristo. Esse é um desafio para a formação cuja essência é proporcionar ambiente, meios, condições que favoreçam descobrir a Cristo como a mais bela experiência de vida.

- O maior desafio da vida religiosa hoje está em se ter consciência de sermos pessoas, homens e mulheres de fé, homens e mulheres que amam, homens e mulheres de Deus.

O itinerário em que buscamos Deus e a Ele servimos nos irmãos é o caminho:

·       Identificação e seguimento de Cristo

·       O caminho dos fundadores

·       Na vida da Igreja

·       Sendo homens e mulheres de nosso tempo

·       Renovados espiritualmente

·       Sendo uma existência da Trindade divina

·       Sinal de comunhão na Igreja

·       Epifania do amor de Deus no mundo

·       Um testemunho original, corajoso