Missionários
Claretianos Brasil

'O legado de Pedro vai continuar na Prelazia, na Congregação e na Igreja'

Um homem que marcou uma época na Igreja Católica e fez história por onde passou. Assim foi Dom Pedro Casaldáliga Pla, CMF, Bispo Emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia, Mato Grosso (Brasil), Missionário Claretiano e cuidado pela Ordem de Santo Agostinho (Agostinianos) após ter sido jubilado, que faleceu no dia 08 de agosto, aos 92 anos, na cidade de Batatais, interior de São Paulo. A missa de exéquias que foi celebrada em Batatais no dia 09, domingo, foi presidida por Pe. Marcos Loro, superior provincial dos Missionários Claretianos com a presença de padres Missionários Claretianos e a comunidade em geral, lembrando que, devido ao período de permanência da pandemia do novo Coronavírus (COVID-19) todas as medidas de segurança em relação ao distanciamento, recomendadas pelo Ministério da Saúde do Brasil, foram seguidas e os folhetos da missa usados durante a celebração foram descartados.

Para o superior provincial Pe. Marcos Loro, “a figura de Pedro, como gostava de ser chamado, sempre foi muito emblemática. Seu legado vai continuar na Prelazia, na Congregação e na Igreja Católica. Pedro teve muitas pessoas contrárias a ele, mas o pequeno grupo o que seguia era de muita fé. A congregação e a Igreja receberam de Deus um grande presente na pessoa e na obra de Pedro que foi um homem de fidelidade, coerência e conduta que unia a fé e a prática. Para a Congregação, para a Província e para a Igreja, diria que não há uma perda, e sim ganhos. Ganhamos praticamente 50 anos de episcopado de Pedro, seu testemunho, sua fé, sua esperança e a sua caridade. A morte significa ressurreição, a nossa fé é muito clara nesse sentido, e agora Pedro está junto de Deus. Então, eu diria que, nós não perdemos, nós ganhamos muito com os 92 anos de Pedro na terra e agora ganhamos um santo no céu”.

Chegada a Batatais

Com problemas de saúde ocasionados pelo Mal de Parkinson, por Pneumonia e Derrame Pulmonar, no dia 04 de agosto, Dom Pedro Casaldáliga, CMF, teve seu estado agravado e foi transferido por UTI aérea do Hospital de São Félix do Araguaia a Ribeirão Preto onde seguiu para Batatais em uma UTI Móvel direto para a Santa Casa permanecendo internado até sua morte devido a uma embolia pulmonar decorrente dos problemas de saúde já apresentados.

O corpo de Dom Pedro Casaldáliga, CMF, será velado em três locais. No dia 08, sábado, a partir das 17h, aconteceu o primeiro na capela do Claretiano - Centro Universitário de Batatais, unidade educativa dirigida pelos Missionários Claretianos, localizada a rua Dom Bosco, 466, Castelo, em Batatais, São Paulo. No dia 09, domingo, às 9h, aconteceu a missa de exéquias presidida pelo Pe. Marcos Loro, superior provincial dos Missionários Claretianos e neste local, às 15h, acontecerá a missa de corpo presente, presidida por Dom Moacir, Arcebispo de Ribeirão Preto, que será aberta ao público em geral e transmitida ao vivo pelo Claretiano – TV, no Youtube, pelo clique aqui.

No dia 10, segunda-feira, o corpo de Dom Pedro Casaldáliga, CMF, seguirá para Ribeirão Cascalheira, Mato Grosso, onde será velado no Santuário dos Mártires. Em seguida o corpo será levado para São Félix do Araguaia, MT, onde será velado no Centro Comunitário Tia Irene. O sepultamento será em São Félix do Araguaia, conforme desejo manifestado em sua vida.

Trajetória

Dom Pedro Casaldáliga nasceu no dia 16 de fevereiro de 1928, em Balsareny, na província de Barcelona, na Catalunha. É o segundo filho de Montserrat Pla Rosell e Luis Casaldaliga Ribera, que tiveram quatro filhos. Em 1943 ingressou na Congregação Claretiana, Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria e em 1952 foi ordenado sacerdote em Montjuïc, Barcelona. Até a sua vinda para o Brasil, que se deu em 1968, trabalhou na formação de futuros missionários claretianos, com a Pastoral da Juventude e com a Pastoral do Cursilho de Cristandade.

Ao chegar no Brasil, junto com Pe. Manoel Luzón, CMF, ajudou a fundar a Missão Claretiana no Estado do Mato Grosso, que na época era uma região com um alto grau de analfabetismo, marginalização social, violência e concentração fundiária. No estado fixou residência e foi defensor ativo dos Direitos Humanos e das grandes causas ainda não totalmente resolvidas, como as causas indígenas, racismo a defesa da Amazônia. Logo após sua chegada, em 1969, o Vaticano criou a Prelazia de São Félix do Araguaia, MT, e em 1970 foi nomeado administrador apostólico da Prelazia.

Já em 1971 foi nomeado Bispo Prelado de São Félix do Araguaia pelo Papa Paulo VI. Neste mesmo ano publicou a Carta Pastoral Uma Igreja na Amazônia em Conflito com o Latifúndio e a Marginalização Social denunciando a situação de miséria e violência na região Amazônica. Com uma vida totalmente dedicada ao próximo e ajudando os mais necessitados fundou o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) com Dom Tomás Balduino e juntos criaram a Comissão de Pastoral da Terra (CPT).  Dom Pedro teve seu nome ligado à Reforma Agrária, à denúncia da escravidão moderna e a defesa dos povos indígenas.

Além do exercício como sacerdote, Dom Pedro reservava parte do seu tempo à escrita. Deixou uma obra riquíssima composta por livros, poemas, cartas, cantigas e orações. Inclusive seu livro ‘Descalço sobre a Terra Vermelha’, virou filme com a direção de Oriol Ferrer, em 2012. Além disso, ele participou do filme ‘Anel de Tucun’, em 1994; da Missa dos Quilombos, produzida pelo cantor Milton Nascimento, no ano de 1982.

Dom Pedro Casaldáliga passou sua vida na simplicidade, em São Félix do Araguaia, e no dia 04 de agosto de 2020 chegou a Batatais, SP, para tratamento médico, onde passou seus últimos dias, falecendo em 08 de agosto de 2020.

Para saber mais sobre a trajetória de Dom Pedro, acesse https://claretiano.edu.br/dompedro

 

 

Comente essa notícia

Comentários 0