Missionários
Claretianos Brasil

Mensagem Término da Celebração dos 120 anos da chegada dos Claretianos

Mensagem para o término das comemorações dos 120 anos

de nossa presença missionária no Brasil. 

“Tal qual águia vigilante sobre o ninho, adejando sobre os filhotes, ele estendeu as asas e o tomou, o transportou sobre sua plumagem” (Dt 32,11). 

Ao celebrarmos o término das comemorações dos 120 anos de nossa presença missionária no Brasil, gostaríamos de partilhar alguns pontos de reflexão com toda a Comunidade Provincial e com todos os que partilham de nosso sonho missionário.

Acreditamos que a grande graça que recebemos do Senhor, foi a de celebrarmos os 120 anos dentro do Ano Santo, pois podemos, individual e comunitariamente, provar do seu amor misericordioso; amor que nos renova a cada manhã. Com o salmista, juntos, cantamos: “Porque sua misericórdia é sem fim!”. Partilhando desta graça, tivemos algumas atividades e obras que contribuíram para que vivêssemos este tempo com profundidade e sentido ao celebrado. Cito algumas: o envio da mensagem do P. Geral; a celebração de abertura acontecida em Batatais no dia 17 de novembro de 2015 durante o encontro dos Ecônomos; a confecção da oração dos 120 anos e da imagem do Claret Missionário; a Assembleia Provincial; as Visitas Canônicas; a elaboração da resenha da história das nossas casas que está sendo postada no Portal da Província e na Carta Informativa; o ano vocacional, que foi e está sendo um momento de oração e conscientização de que todos somos responsáveis pelas vocações; a reforma da Capela da Cúria Provincial; a aquisição de mais um arquivo para a Cúria Provincial; início da construção da casa para os nossos irmãos idosos e enfermos; os dez anos da missão de Moçambique; a semana de estudos Claretianos realizados pelos nossos formandos e também as iniciativas das Comunidades e Paróquias.

Escolhemos como texto bíblico para iluminar nossa reflexão, o de Ezequiel 47, 8-12. Vejo que este texto pode falar muito aos nossos corações. “Então ele me disse: ‘Estas águas correm para a região oriental, descem para o vale do Jordão, desembocam nas águas salgadas do mar, e elas se tornarão saudáveis. Onde o rio chegar, todos os animais que ali se movem poderão viver. Haverá peixes em quantidade, pois ali desembocam as águas que trazem saúde; e haverá vida onde chegar o rio. Nas margens junto ao rio, de ambos os lados, crescerá toda espécie de árvores frutíferas, suas folhas não murcharão e seus frutos jamais acabarão: cada mês darão novos frutos, pois as águas que banham as árvores saem do santuário. Seus frutos servirão de alimento e suas folhas serão remédio’”.

Os pontos centrais desta passagem que podem nos ajudar na reflexão e contemplação da história vivida nestes 120 anos são os seguintes: as águas deste rio nascem no Santuário… Onde o rio chegar, todos os animais que ali se movem poderão viver… Suas folhas não murcharão e seus frutos jamais acabarão.

Numa interpretação livre e familiar, entendemos que este Santuário é para todos nós o coração missionário de Claret aberto às moções do Espírito Santo e da Mãe.Foi neste coração que se alimentaram os dez missionários que entusiastas embarcaram no porto de Barcelona rumo às novas terras. Portanto, podemos afirmar, que foi deste coração que nascemos e é este coração que deve pulsar dentro de nós. A Palavra que os Missionários trouxeram, e que não era deles, mas do Senhor Ressuscitado, se transformou, pouco a pouco, em alegria, vida, esperança e porque não dizer, remédio para o corpo e para a alma. Podemos afirmar, sem medo de nos equivocar, que no decurso destes 120 anos praticamos, intensamente, as obras de misericórdia corporais e espirituais. E, como consequência óbvia deste serviço sustentado pela fidelidade e docilidade, a promessa se cumpriu e continua encontrando em nossas vidas a sua plena realização: suas folhas não murcharão e seus frutos jamais acabarão.

Seguindo a reflexão, acreditamos que ao contemplarmos a vida e a obra de nossos antepassados, seja qual for o período em que viveram nestes 120 anos, brota em nós o profundo desejo de recuperarmos a espiritualidade, a docilidade, a ousadia e a criatividade, condições indispensáveis para seguirmos vivendo nossa consagração e missão de “Testemunhas-Mensageiros da Alegria do Evangelho”. Brota, também, o desejo de recuperarmos a inquietude, a ternura e cordialidade missionárias, pois só elas têm a força de manter o rio sempre correndo e com águas puras e transparentes. Águas que trazem plenitude de vida!

Nossos antepassados nos dizem, com gestos, palavras e testemunhos missionários, que não podemos, em momento algum, tirar nossos olhos do horizonte missionário, que hoje, mais do que no passado, apresenta os mais variados e desafiantes matizes; que devemos recuperar o senso de comunhão e partilha; que devemos recuperar o “nosso”; que dos pronomes possesivos, o “nosso” é o que mais deve ser usado. O “meu” limita, gera ciúmes e delimita campos de ação; o “nosso” abre horizontes, congrega, responsabiliza e gera a partilha; faz, verdadeiramente, o rio continuar singrado.

No entanto, nasce como que espontaneamente um questionamento: e o que faremos para não deixar este testemunho e este rio morrerem? Acredito que a Declaração do XXV Capítulo Geral pode nos ajudar a dar esta resposta. Diz-nos a Declaração:

·         Sermos homens abertos ao Espírito, conduzidos por Ele e sempre dóceis às suas moções: homens que ardem em caridade” (MS, 39). “Nossa docilidade ao Espírito faz florescer em nós virtudes características de nosso carisma missionário (CC, 39-45): audácia, criatividade, cordialidade, alegria, proximidade, humildade e mansidão” (MS, 40).

·         “Estabelecer um diálogo de vida permanente com Deus: o diálogo da Aliança… e dar uma resposta livre e comprometida” (MS, 43)

·         “Reforçar o sentido de pertença e corresponsabilidade comunitária” (MS 48,2), criando desta forma, um ambiente coletivo de disponibilidade nas pessoas e nas obras. Diria mais: reviver com coração novo a pertença à Província nos comprometendo com o seu crescimento qualitativo e quantitativo.

·         “Dar um testemunho real da pobreza e da austeridade, tanto pessoal quanto comunitária, e partilhar os nossos bens a favor dos pobres” (MS 52,3).

·         Viver a missão partilhada como nosso modo de ser e agir (MS 57).

·         Nunca nos esquecer que ser comunidade é um verbo. É uma graça que devemos suplicar, cuidar e deixar crescer, e não apenas uma conquista do nosso esforço. Ser comunidade de “um só coração” e “de uma só alma” (MS, 69)

·         “Progredir e crescer como discípulos, chamados pelo Mestre para estar com Ele e ser enviados como suas testemunhas e mensageiros, a fim de nos sentirmos transformados como o nosso Pai Fundador ao longo de sua vida”. (MS, 75).

Acreditamos que os nossos antepassados pensaram em nós com amor e esperança. Por isso, precisamos continuar nosso caminho como uma comunidade que transborda entusiasmo e compromisso missionário. Não temos o direito de frear, ou o que seria mais triste ainda, abafar este sonho missionário. As futuras gerações esperam receber de nós, esta herança, e que herança! Herança que com humildade não se fecha em si mesma, mas que está disposta a abraçar o novo; está disposta a se renovar, pois renovar é o caminho mais curto e seguro para continuar viva e cumprindo a missão para a qual foi enviada.

Ao término das celebrações destes 120 anos devemos ter em nossos corações sentimentos de alegria e orgulho por sermos os descendentes e continuadores desta história de Salvação. Precisamos, também, assumir o firme propósito de jamais deixar que as águas deste rio, Congregação dos Missionários Filhos da Imaculado Coração de Maria - Província Claretiana do Brasil, pare de correr, pare de levar vida e esperança.Que Deus abençoe a todos. Sigamos fiéis e rezando uns pelos outros. 

No Imaculado Coração de Maria,

Marcos Aurélio Loro, cmf

Superior Provincial

 

São Paulo, 22 de novembro de 2016.

 

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