História da Fundação da Comunidade do Rio de Janeiro – Méier (1908)
O Pe. Florentino Simón Garriga e o Pe. Inácio Bota Agullo chegaram à cidade do Rio de Janeiro no dia 9 de Fevereiro de 1907 atendendo solicitação do Pe. Zacarias Iglesias, Superior da Província Brasil-Argentina. Hospedaram-se, graças à ajuda das Irmãs do Bom Pastor, na residência do capelão. Ao chegarem ao Rio de Janeiro receberam do bispo Dom Joaquim Arcoverde a capelania de Nossa Senhora das Dores na Estação de Todos os Santos. De acordo com o Pe. Florentino Simón Garriga, Todos os Santos era morro íngreme e era próximo à estação ferroviária Central do Brasil, relata-se que à época a região na qual estava localizada a capela era pouco povoada – poucos moradores, dizia-se, subiam àquele morro – e as condições da habitação eram precárias. Ainda em 1907, os Irmãos Maristas convidam os Claretianos para a função de capelães do Sagrado Coração (anexa ao Colégio Marista) em São José do Rio Comprido. A localização próxima ao centro permitia que os Claretianos cumprissem os seus compromissos com maior facilidade e, também, recebessem missionários e encomendas que chegavam ou partiam do porto do Rio de Janeiro. À época, os missionários desejavam fazer da Residência de São José do Rio Comprido a sua Comunidade no Rio de Janeiro, todavia era necessário continuar os trabalhos em Todos os Santos e, para tanto, apesar da precariedade da moradia decidiu-se que os Claretianos na cidade do Rio de Janeiro tornariam a ocupar a residência da Capela de Todos os Santos. Assim, em 1907, a presença dos Missionários Claretianos está dividida entre a Capela de Nossa Senhora das Dores, e, em São José do Rio Comprido na Capela do Colégio dos Irmãos Maristas. No ano seguinte, em 1908, foi adquirido terreno no Méier – Rua Cardoso, 6 e 8 – local que, logo mais, abrigaria a construção de casa e de igreja, criava-se, desta forma, a Comunidade Claretiana da cidade do Rio de Janeiro.
Em outubro de 1909, foi lançada a primeira pedra do templo que a Comunidade Claretiana do Rio de Janeiro começava a construir. Projeto do arquiteto e engenheiro espanhol Adolfo Morales de los Rios. Morales teria participação relevante no processo de modernização e reurbanização vivido entre os últimos anos do século XIX e início do XX na cidade do Rio de Janeiro, é autor de mais de uma dezena de projetos de edifícios. A igreja a ser construída para os Claretianos buscou na Espanha inspiração nos movimentos arquitetônicos que revitalizavam estilos medievais, de forma particular, o moçárabe. Estilo praticado por cristãos em terras muçulmanas, estilo que combinava recursos e técnicas construtivas e estéticas de distintas regiões. A igreja a ser construída no Rio de Janeiro fez uso, portanto, de acordo com as escolas arquitetônicas portuguesas e espanholas em voga no século de XIX e XX – neomourisco e moçarabismo, entre outras – bem conhecidas por Adolfo Morales de los Rios, de soluções e práticas antigas como, por exemplo, arcos em ferradura, tão apreciados pela arquitetura muçulmana na Península Ibérica e, também, de uma variação cristã medieval dos arcos muçulmanos: o arco ogival em ferradura.
A igreja da Comunidade do Rio de Janeiro foi solenemente inaugurada no dia 8 de dezembro de 1917, a casa Claretiana era, então, composta pelos Padres José Beltrão, André Moreira, Izidoro Martínez e Francisco Ozamis. No dia 9 de dezembro de 1917, foi celebrada a primeira missa por Dom Ângelo Scapardine, Núncio Apostólico. O labor missionário de gerações de Missionários renderia frutos e, em 1964, o Papa João XXIII concedeu à Igreja do Imaculado Coração de Maria da Comunidade Claretiana o título honorífico de Basílica Menor.
Hoje, a Comunidade do Rio de Janeiro, é composta por: Padre Carlos Antônio Pereira, cmf, Superior e Vigário Paroquial, Padre Teófilo Gomes Sáez, cmf, Vice-superior e Vigário Paroquial, e, Padre Júlio César Miranda, cmf, Ecônomo e Pároco e Pe. Antônio Carlos Ribeiro Costa, Vigário Paroquial.
Prof. Dr. Josias Abdalla Duarte
Arquivo da Cúria Provincial dos Missionários Claretianos