Missionários
Claretianos Brasil

Padre Írio, meu irmão!

PADRE IRIO, MEU IRMÃO!

 

Peço licença aos queridos leitores para prestar, por escrito, minha homenagem ao Pe. Irio Luiz Rissi, Missionário Claretiano, que fez sua Páscoa no último 26 de Junho. Foram 80 anos de vida e vida totalmente dedicada ao Senhor, pelas Mãos do Imaculado Coração de Maria, a quem ele se consagrou, com apenas 16 anos de idade, vivendo, como religioso, 64 anos e, destes, 54 como Sacerdote.

Pequeno, com apenas 11 anos de idade, vai para o Seminário Claretiano de Esteio, onde inicia sua formação, lá pelos idos de 1948. Filho de agricultores, Dante e Carolina, tinha, na época apenas um irmão, Nestor. Depois vieram o Caetano e a Carmen, que ele só foi conhecer em 1962 (na época os seminaristas não iam para casa nas férias). Ficou 12 anos e meio sem ver os pais. Foi formado na Congregação e a ela dedicou sua vida. Ordenado Sacerdote em 1963, dedicou seus primeiros anos à formação de novos sacerdotes, nos Seminários de Esteio e Rio Claro. Em 1974 vem para Santos, como Vigário Paroquial e depois Pároco, na Paróquia Coração de Maria, onde ficou até 1979. Aqui todos sabem o quanto trabalhou, edificando a Comunidade Paroquial, formando líderes que até hoje atuam em nossa Diocese e construindo o Centro Paroqu ial, onde hoje também funciona a TV Unisantos. Depois foram outras Paróquias, cada uma com sua característica, grande ou pequena, de boas condições financeiras ou totalmente pobres. Lá estava ele sempre feliz (São Paulo, Clevelândia, Pinhais, Curitiba, Araçatuba, Campinas, Hortolândia e Londrina). Por todos os lugares ia lançando sementes que germinaram e produzem frutos ainda hoje. Seu amor aos pobres provocava construções para acolher: Igrejas, Capelas, creches, centros sociais, hortas comunitárias, clube de engraxates e, finalmente, o grande Centro Social Coração de Maria, em Londrina, modelo e referência para toda a Congregação, que recebeu inúmeros prêmios da Cidade de Londrina e do Estado do Paraná.

Não usava sapatos, sempre de sandálias, em todos os lugares, pois isso o fazia estar sempre pronto para servir. Dizia que os barbantes ( cadarços) dos sapatos, atrapalhavam o atendimento. Despojado, quando mudava de lugar, apenas uma pequena maleta e alguns livros. Homem de oração, tinha no terço, na liturgia diária e na Eucaristia a sua força. Não descuidava da oração. Quando as visitas o distraiam, pedia licença e se ausentava um pouco. Ia rezar o terço. Quantos terços gastou... Levou para o Seminário inúmeros jovens, hoje sacerdotes por este mundo de Deus, inclusive bispos da Igreja. Nunca aspirou cargos, embora chamado para grandes funções. Como Missionário esteve em Cuba, na India e em outros tantos lugares. No Brasil incentivou a criação de frentes Missionárias  no Centro Oeste e em Maceió, onde queria mora r, mas a saúde não o ajudou. Por onde passava, como missionário claretiano, ardia em caridade e abrasava os corações. 

Sempre se fez presente na vida de nossa família, nos momentos de dificuldades (morte dos pais, da cunhada, de sobrinho) e também nas alegrias (batizados e casamento de irmãos, sobrinhos,sobrinhos-netos). Foi é é meu modelo e exemplo de sacerdote. Eu fui ordenado quando ele já tinha 20 anos de sacerdote. Sempre me inspirei em seu modo de ser, embora esteja ainda longe de alcançar seu exemplo. Numa ocasião em que a Província Claretiana do Brasil passava por inúmeras dificuldades, quando muitos sacerdotes deixaram a Congregação ou o ministério, via que ele sofria. Dei um mau conselho a ele:" larga a Congregação, vai para uma diocese,deixe de sofrer pelos outros", ele me respondeu, olho no olho e sorriso nos lábios: "Tudo o que sou eu devo à Congregação. Nem que eu seja o último, mas eu fico". Percebi ali a força do amor à Congregação e aos Santos Votos emitidos aos 16 anos. E assim viveu meu irmão! Contempla o Senhor face a face. Como em vida, sempre intercedia por nós, agora, junto de Deus e do Imaculado Coração de Maria, penso que, na hora do chimarrão celeste, nas histórias que contará e ouvirá,  falará de todos nós e por todos nós. Não sei se lá tem histórias de pescador. Se não tem, ele as inventará! Pescador, literalmente, fez-se também pescador de homens pelo Evangelho. Combateu o bom combate,terminou sua carreira, guardou a fé. Recebe, do Pai Amoroso, a recompensa  de servo bom fiel. Até o Céu, meu irmão! Eu acredito!

 


Padre Caetano Rizzi

 

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