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IV. A construção da Casa-Missão e da Igreja do Imaculado Coração de Maria

IVA construção da Casa-Missão e da Igreja do Imaculado Coração de Maria 

 

Os primeiros meses dos Missionários Claretianos na cidade de São Paulo seriam vividos junto à Ordem Terceira de São Francisco, ainda não estavam concluídas as edificações iniciadas pelo bispo Dom Joaquim Arcoverde. A casa então construída para receber os Missionários, situada à Rua Jaguaribe (número 53), seria inaugurada no dia 6 de janeiro de 1897. Solenidade que contou com a participação do próprio dom Joaquim Arcoverde, e, entre outros, o Superior dos Redentoristas de Aparecida do Norte e de Jesuítas.

As principais atividades missionárias claretianas durante o período em questão eram a pregação de missões – na cidade de São Paulo e no interior do Estado de São Paulo – e o trabalho na Santa Casa de Misericórdia. O manuscrito Notas acerca de la fundación descreve as atividades na Santa Casa nos seguintes termos: “dizer Missa e administrar os santos sacramentos aos doentes (...) pregar aos meninos e meninas e ouvir-lhes confissão uma vez por mês”. 

A Igreja do Imaculado Coração de Maria, projeto do escultor e arquiteto Tiziano Guchetta, esteve sob responsabilidade do mesmo engenheiro responsável pela casa da Rua Jaguaribe: João Pugliese. A preparação do terreno para a edificação teve início no dia 1º. de março de 1897, até o final do mesmo ano, a construção encontrava-se adiantada tal como lemos na passagem seguinte do mesmo Notas acerca de la fundación y marcha de la casa misión de San Pablo: “todas as paredes têm já toda a altura a que devem chegar. Hoje preparamos os andaimes para telhar (...) chegaram já neste mês da Hespanha as imagens de São José, Sagrado Coração e Menino Jesus”. No dia 26 de maio de 1898, a estátua do Imaculado Coração de Maria foi instalada sobre a cúpula da Igreja.

As pinturas do interior da Igreja foram realizadas, entre 1927 e 1934, pelos artistas italianos Arnaldo Mecozi e Vicente Mecozi. Combinam estilos marcadamente clássicos com, em alguns casos, molduras geométricas que dialogavam com estéticas em voga no período. Vale destacar que entre as pinturas encontramos representação da conversão ao cristianismo de Martim Afonso Tibiriçá. Chefe tupi, viveu no século XVI, tempo de trabalho catequético de missionários jesuítas em São Paulo. Tibiriçá foi decisivo na defesa dos jesuítas contra nativos que se opunham à sua presença missionária e, por isso, é reconhecido defensor da fé cristã do período colonial da História do Brasil.

As obras seguiam ligeiras e, em janeiro de 1899, os sinos do novo templo eram abençoados: Nossa Senhora Aparecida (820 kg), São Joaquim (415 kg), Coração de Maria (270 kg), Santa Cruz (150 kg), Santo Inácio (60 kg) e São Sebastião (30 kg). A inauguração solene do novo templo foi marcada para o dia 2 de fevereiro de 1899, o manuscrito Notas acerca de la fundación y marcha de la casa misión de San Pablo (página 18) justifica a escolha anotando que era festa de Nossa Senhora e por ser aniversário do atentado sofrido pelo Padre Antônio Maria Claret.

A presteza e a velocidade das obras da igreja cedo atenderam aos Missionários Claretianos no desejo que tinham de ver templo dedicado a Maria em plena atividade. A cidade de São Paulo que encontravam vivia grande agitação. Até meados do século XIX, a grande cidade brasileira era a capital federal: o Rio de Janeiro. Todavia, a partir das primeiras décadas do XIX, o café mudou por completo a economia da cidade de São Paulo e do país. De capital de Província, São Paulo ganhou corpo e feições de metrópole. Transformou-se em centro político e viu a sua população crescer em ritmo bem acima da média do país com a chegada de populações de imigrantes e de migrantes. A localidade da casa missão de São Paulo entre a região da Avenida Paulista ladeada de casarões de cafeicultores e entre o Bom Retiro, sede de Governo – Palácio Campos Elíseos – permitia aos Missionários Claretianos acompanhar e participar de forma efetiva das mudanças e transformações ligeiras da capital de Província que ganhava ares de metrópole.

 Bem instalados em São Paulo era necessário colocar-se em marcha e expandir a Palavra para outras cidades, era hora de fundar nova casa. Naqueles dias, duas foram as possibilidades cogitadas e avaliadas: Botucatu e Campinas.