Missionários
Claretianos Brasil

Carta do P. Geral Mathew Vattamattan, CMF, à Congregação

Queridos irmãos:

A maioria de nossos irmãos estão em situação de “quarentena”, na maioria dos países, colaborando com as autoridades civis para se evitar a propagação do COVID-19. A extensão da infecção chegou a 200 países e territórios. O número dos recuperados está aumentando e a prática do isolamento físico, a higiene das mãos e outros meios propostos estão dando lentamente resultados positivos. Embora ainda estejamos desconcertados por este acontecimento mundial sem precedentes históricos, enfrentamo-lo com fortaleza cristã e nos unimos a todas as pessoas de boa vontade que compartilham o melhor de si para lutar contra o vírus pandêmico. O Senhor está conosco no meio da tormenta. A esperança animada pelo amor ao próximo e sustentada pela fé no Senhor da vida nos impulsiona a seguir adiante, apesar das provocações, das notícias falsas, as profecias da desgraça e as teorias de conspiração que abundam nas águas turbulentas dos meios de comunicação. Nós nos mantemos ancorados no Evangelho do amor.

Recordemos o que nos ensinam nossas Constituições: “Compartilhando as esperanças e as alegrias, as tristezas e as angústias dos homens, principalmente dos pobres, pretendemos oferecer uma estreita colaboração com todos aqueles que buscam a transformação do mundo segundo o desígnio de Deus” (CC 46).

Alegra-me saber que os missionários claretianos, na maioria dos lugares, tomaram a sério esta ameaça do vírus e estamos respondendo a ela de forma criativa e responsável. Depois das pessoas infectadas, as pessoas mais afectadas são aquelas que estão vivendo em uma situação de “precariedade” na atual quarentena. São os pobres os que sempre pagam o preço quando as coisas fogem do controle. Seria uma terrível irresponsabilidade por parte dos seres humanos se a fome matasse mais pessoas que o vírus em muitos países em quarentena. Devemos ser sensíveis à situação de nossos irmãos e irmãs que nos rodeiam, que estão afectadas de diversas maneiras, e participar de qualquer modo possível para aliviar sua difícil situação.

A quarentena do COVID-19 não é um tempo de “férias” para nós missionários. É um tempo para cumprir nossa missão profética discernindo respostas “urgentes, oportunas e eficazes” em cada situação. Este ano, as estações da via-crucis estão nos hospitais, nas residências dos enfermos, nos lugares de quarentena e nos refúgios dos pobres. Eis aí algumas formas nas quais podemos ser um Simeão, levando o madeiro da cruz ao lado de Jesus.

1. Quando for necessário, nossas instituiçõres devem estar abertas para responder à situação de emergência da pandemia. Em alguns lugares temos oferecido as instalações de nossos edifícios para responder às necessidades de emergência, chegando a um entendimento adequado com as autoridades civis.
2. Em muitos lugares, nossos irmãos começaram a organizar a distribuição de alimentos ou outras ajudas para as pessoas afectadas pela quarentena, juntando suas mãos às mãos de outros numa missão compartilhada.
3. Sempre que for apropriado, devemos juntar nossas mãos às dos outros para oferecer o apoio necessário frente àqueles serviços humnitários, ou outros auxílios necessários, como voluntários ou colaboradores e, claro, tomando as devidas medidas de segurança de maneira responsável.
4. Dedicar um rosário comunitário ou 30 minutosde adoração diária nas comunidades, e como compromisso congregacional de levar à humanidade que sofre ante o Senhor na oração. Através deste gesto nos unimos a toda a Igreja, que caminha para a luz do Senhor Ressuscitado, para implorar a libertação da pandemia.
É maravilhoso ver que estão tomando muitas iniciativas em todos nossos Organismos Maiores, compensando o “distanciamento físico” com uma “conexão espiritual” mais profunda, fazendo uso da internet e dos meios sociais. Sinto-me orgulhoso de que nossos irmãos estão dando passos inovadores para continuar realizando a pastoral educativa online, os serviços litúrgicos através de streaming, e os programas catequéticos e bíblicos através de zoom, go-to-meet, google hangout, ou oferecendo cursos profissionais online. Encontrar algum tempo pessoal para chegar às pessoas próximas ou distantes que podem se encontrar sozinhas ou necessitadas de uma palavra de consolo, além do círculo de amigos e familiares, é uma forma tangível de tecer nossa fraternidade humana em novo globo. Certamente, só quando aprendermos a arte de chegar ao mais profundo de nosso ser, na fonte do amor perdurável de Deus e no silêncio de nossos corações, poderemos realmente chegar aos demais com o dom do amor em suas diversas manifestações. A quarentena é um momento para aprofundar nesta dimensão mística de nossa vida missionária. 

Nosso irmão Dom Javier Travieso está melhorando, dia a  dia. Recebi a notícia de que um de nossos missionários claretianos de Valladolid (Espanha), e alguns familiares de missionários claretianos estão afectados pelo COVID-19. Nós os manteremos em nossas orações. Dou graças ao Senhor por manter nossos irmãos saudáveis para servir aos demais. Em Roma vivemos a quarta semana de quarentena com serenidade.

A próxima Semana Santa nos convida a contemplar o mistério da paixão, morte e ressurreição  de nosso Senhor, como o mistério de nossa Salvação que nos permite viver a atual realidade da pandemia mundial à luz da ressurreição. No silêncio da quarentena, procuremos não esquecer o sussurro do Senhor em nossos corações: “Não temas, eu estou contigo” (Is 41,10).


                                                                                             Fraternalmente,

Pe. Mathew Vattamattam
Superior Geral

Roma, 3 de abril de 2020

 

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