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MENSAGEM NA FESTA DE NOSSO FUNDADOR 2016
O 24 de outubro é um dia especial para nossa Família Claretiana. Fazemos uma pausa em nossas atividades de rotina, nos centramos na vida de nosso Fundador e nos inspiramos a fim de renovar o carisma que recebemos como herança. Devemos unir-nos a ele para dar glória a Deus e nos oferecer sem reservas à missão do Senhor.
Convido-os a tomar para si um momento para contemplar a vida de nosso fundador e imaginar que pediria hoje a seus missionários para serem fiéis à vocação missionária.
O perfil de um missionário, escrito por Claret na Autobiografia (Aut 494), expressa o que ele espera de nós. O primeiro é o fogo do amor que deve arder em nós. Tudo o mais surge naturalmente a partir desse fogo. Ele ora com fervor para que assim suceda: “Sim, meu Jesus, peço-Vos amor, Amor, grandes chamas desse fogo com que Vos haveis descido do céu à terra” (Aut 446). Sem o fogo do amor, um missionário é como uma locomotiva ou um barco sem o fogo e o vapor necessários para movimentá-los (Aut 441).
Algumas das iluminações espirituais mais profundas de Claret – descritas por ele como aquilo que o Senhor lhe deu a entender – se referem a nós, seus missionários. Claret vê nos sete trovões dos que se narram em Apocalipse 10,1 a seus missionários que devem anunciar em voz alta a Palavra de Deus como um trovão, e imitar os apóstolos Tiago e João, os filhos do trovão, no céu, a castidade e o amor a Jesus e Maria (Aut 686). Jesus revelou a Claret que não seria nem ele nem seus missionários, mas o Espírito do Pai que falaria por eles, enquanto proclamassem a Palavra de Deus. Por conseguinte, cada missionário poderá dizer: “O Espírito do Senhor repousa sobre mim; pelo qual me consagrou com sua unção divina e me enviou a evangelizar ou dar boas novas aos pobres, a curar os que têm coração contrito” (Aut 687). De fato, hoje devemos ser capazes de dizer isto sobre nós mesmos.
Uma mensagem importante para os missionários que Claret recebeu de Jesus e Maria foi aprender que a mortificação fosse mais frutífera na missão (Aut 684). Num mundo de consumo que promove o gasto e o consumismo é um tabu falar de mortificação e de moderação. Paradoxalmente, para nós hoje estes valores são ainda mais relevantes se verdadeiramente queremos ser testemunhas acreditáveis e mensageiros da alegria do Evangelho.
Nosso Fundador compreendeu sua vocação como um processo de transformação em Deus. Ele orou fervorosamente por esta mudança: “Com as palavras da consagração, a substância do pão e vinho se converte na substância do vosso corpo e sangue. Ai, Senhor onipotente! Consagrai-me, falai sobre mim e convertei-me todo em Vós” (Aut 756). A Santa Eucaristia, o pão transformado e partido para a vida do mundo, nos dá a chave para entender o processo de transformação que há de ocorrer em um missionário.
Isto me recorda a história de Tagore em Gitanjali. Um mendigo que pedia, de porta em porta, viu que o Rei dos Reis, sentado em um carro de ouro, estava para passar. Com um ardente anseio esperou ao lado do caminho, pensando que a oportunidade de sua vida enfim havia chegado. O carro do rei se deteve perto dele e o rei desceu para deleite do pobre. Não obstante, antes que o mendigo pudesse fazer algo, o rei estendeu suas mãos pedindo esmola. Confuso, o mendigo buscou em seu bolso, tirou um grão de milho e, com má vontade, o colocou na palma da mão do rei. De volta em sua cabana, o pobre homem esvaziou seu bolso no chão. Para sua surpresa, encontrou um grãozinho de ouro entre o montão de esmolas. Chorou amargamente. Se tivesse tido o coração para doá-lo todo ao Rei dos Reis, tudo se teria convertido em ouro.
Claret não reteve nada para si mesmo, mas ofereceu todo seu ser ao Senhor. Não é estranho então que sua vida se transformasse em Cristo. É este processo de transformação que o Capítulo Geral XXV nos convida a abraçar. Devemos abrir ativa e completamente todo nosso ser à ação transformadora do Espírito Santo na Congregação. Desejo-lhes uma muito feliz festa de nosso Fundador!
Pe. Mathew Vattamattam, CMF