O tempo nos obriga a um confronto com o verbo "recomeçar". É um verbo exigente, mas também rico em possibilidades, se o soubermos abraçar. Às situações que nos envolvem vão gerando itinerâncias, intervalos, distanciamentos, pausas, espaços exteriores e interiores diversos. A verdade é que, ao longo da nossa vida, chegamos ao verbo "recomeçar" por estados e caminhos muito diferentes. Todos, contudo, têm alguma mensagem que precisamos ouvir; todos têm alguma coisa a nos ensinar.
É importante recordarmos a nós próprios que as modalidades do recomeço não são padronizadas e que, inclusive, é bom que seja assim. Recomeços difíceis não querem necessariamente dizer recomeços impossíveis ou desqualificados. Há um dom naquelas estações em que a vida se resolve transparente, se movimenta em harmonia e tudo habilmente coincide. Mas não mergulharíamos apaixonados tocando a substância da vida se não colhêssemos também as demoras, as fadigas, a vulnerabilidade ou as próprias feridas.
Uma das coisas mais preciosas da nossa trajetória espiritual e humana é a certeza de que sempre teremos um tempo para recomeçar. Felizes aqueles que arriscam a audácia de viver assim, mesmo quando o cálculo das probabilidades se mostra adverso. São esses que, numa hora ou noutra, desmentem os fatalismos e se tornam os parteiros de um milagre, o milagre do verbo "recomeçar", que se torna para estas pessoas a uma espécie de nascer.
Nos diz o Papa Francisco : "Olhem para a janela. E perguntem-se: 'A minha vida tem uma janela aberta?' Se não tiverem, abram-na o quanto antes. Não tenham vistas curtas. Saibam que estamos a caminhar para o futuro, que há um caminho. Olhem para o caminho."
(Adaptação do texto do Cardeal Tolentino Mendonça - Recomeçar)
Desejo a todos, um abençoado Ano Novo!
Pe. Marcos Aurélio Loro, CMF
Superior Provincial