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V. A Revista Ave Maria e a Editora Ave-Maria

 

V.                  A Revista Ave Maria e a Editora Ave-Maria

O advento da República, em 1889, colocou em questão, por parte da Igreja no Brasil, a criação de uma imprensa. Os ares republicanos e o fim do Padroado foram acompanhados de uma laicização do estado brasileiro e a criação de uma imprensa católica seria capaz de responder, por um lado, toda sorte de críticas então recebidas de órgãos e de escritores defensores do Estado Liberal e, por outro, permitiria à instituição Igreja recriar-se junto às populações de fé cristã. A criação de uma imprensa católica era, nessas condições, caminho trilhado por dioceses, congregações, paróquias e associações católicas. Tal é o caso do periódico Ave Maria, que, nasceu, no dia 28 de maio de 1898, junto aos paroquianos do Imaculado Coração de Maria na cidade de São Paulo, isto é, não era, em sua fundação, mantido e cuidado pelos Missionários Claretianos. Logo, no entanto, os custos dificultaram a publicação do periódico, que, assim, foi suspenso. A solução encontrada foi transferir a responsabilidade do periódico Ave Maria aos Missionários Claretianos, transferência ocorrida à época do então Superior Local, Pe. Raimundo Genover y Carreras. Superior Local e responsável pela criação da Casa-missão de São Paulo.

            Padre Luís Erlin, CMF, a propósito da nova etapa do periódico Ave Maria lembra que Santo Antônio Maria Claret, Fundador da Congregação, em sua Autobiografia, no Capítulo 21 (Sexto meio: livros e folhetos), considerava que “a leitura de bons livros sempre foi considerada de grande utilidade, hoje, porém, é de suma necessidade. Digo isto porque vejo que há como que um delírio para ler e, se as pessoas não têm bons livros, lerão os maus. Os livros são alimento para a alma. Se ao corpo faminto se oferece uma comida sadia, será nutrido, mas se a comida está deteriorada, prejudicará o organismo. O mesmo ocorre com a leitura. Os que lerem livros bons e oportunos, adequados a si e às próprias circunstâncias, se sentirão nutridos e fortalecidos”. A publicação de periódicos e livros atendia à propagação de uma voz moral e de anúncio da Palavra revelada.

            A Revista Ave Maria, desta forma, atendia ao propósito e ao carisma missionário definidos pelo Padre Claret. Fez-se da adoção daquele periódico animado por paroquianos um caminho de fé e de comunicação dos caminhos de Deus. A aquisição de máquinas impressoras, entre 1901 e 1904, permitiria aos Missionários Claretianos assumir a impressão do periódico, bem como, abastecer a Província com os impressos necessários nesses primeiros anos. A primeira oficina de impressão, ou oficina de imprensa tal como era chamada pelos Missionários, foi operada pelo Sr. Manoel Recco em terreno comprado no ano anterior e era composta por máquina tipográfica Marinoni. A aquisição de máquinas capacitava a Ave Maria à participação efetiva no mercado editorial católico do período, por exemplo, entre outros, a impressão da Tribuna Sul-mineira, órgão do bispado de Pouso Alegre, em 1911.

As duras matérias anticlericais que eram publicadas no periodismo do final do século XIX e início do XX, pediu, por parte da Arquidiocese de São Paulo a organização de publicações regulares que servissem de contraponto à campanha que segmentos compostos por escritores republicanos e maçons então faziam contra a Igreja. Em 1910, reunião realizada no Palácio Episcopal São Luís, convocada pelo Arcebispo Dom Duarte Leopoldo e Silva, religiosos diocesanos e regulares reunidos trabalharam pela construção e viabilidade de publicações de orientação católicas. Na ocasião, os Missionários Claretianos ofereceram os serviços gráficos da Ave Maria por preços baixos para, assim, contribuírem para o novo órgão jornalístico da Arquidiocese. O novo periódico, a Gazeta do Povo, começou a rodar na oficina de imprensa dos Missionários Claretianos em 1910; no ano seguinte, a Arquidiocese investiria na aquisição de máquina que permitiria aumentar a tiragem diária e, também, ampliar as dimensões do periódico.

Cedo, os Missionários Claretianos, perceberiam que a atividade editorial poderia, além de atender o chamado à propagação da Palavra, propiciar a receita necessária aos projetos e esforços de manutenção da Casa-missão e de viagens e pregações missionárias. Sabe-se que os primeiros anos exigiram grandes esforços por parte dos missionários para que conseguissem garantir a sua manutenção. As receitas obtidas com a revista e serviços editoriais possibilitaram que o propósito e o carisma missionário fossem atendidos e, logo mais, seriam reforçados com a criação de uma casa editorial de grande porte acompanhada de parque gráfico.

            Casa editorial que, no ano de 2016, comemora 118 anos exibindo números substanciosos. A partir da década de 1980, o catálogo de obras publicadas foi ampliado, hoje, com mais de 1000 títulos amparado por parque gráfico construído na cidade de Embu das Artes, o desejo e o caráter missionário levaram à criação de selos como Mundo Mirim voltado para o público infanto-juvenil. À palavra que dá vida, a Casa Editorial Ave Maria amplia os seus esforços por meio de parcerias com Prefeituras para a manutenção de creches e de centros de juventude. Os sonhos e os anelos dos pioneiros estão bem representados nas ações e ideários daqueles que a fazem nos dias de hoje.

 

Prof. Dr. Josias Abdalla Duarte